Cinema e Cia - Onde Vivem Os Monstros

Em tempos de filmes em 3D, Spike Jonze deixa computação gráfica de lado e faz o mais difícil, que é passar emoção verdadeira a quem assiste. E é desse filme muito especial que vamos falar hoje – Onde Vivem Os Monstros!

Onde vivem os monstros é uma obra de literatura infantil, que faz parte da cultura norte – americana. O livro de  Maurice Sendak é bem curto e dá para se ler em 2, 3 minutos, pois tem textos reduzidos e ilustrações na página inteira, a obra é de 1963 e depois de vários anos se resolveu fazer um filme, e o comandante do projeto foi Spike Jonze.
Parecia estranho Jonze fazer um filme como esse, pois não era bem seu estilo, porém ele provou que foi uma brilhante idéia. Ele extrapola todos os limites e extrai significado e poesia de cada parte da história, deixando correr solta sua criatividade e tornando um enredo que seria simples em um filme totalmente reflexivo e muitas vezes sombrio (o que é engraçado pois se trata de uma história infantil) .

A sinopse do filme é a seguinte: Max é um garoto travesso e imaginativo, vive inventando histórias mirabolantes, ele é um garoto cheio de conflitos internos e após brigar com sua mãe, Max se revolta e foge de casa, indo parar num lugar onde vivem criaturas monstruosas, que logo ele trata de fazer amizade e reconhecer nas criaturas várias atitudes e traços de pessoas do seu cotidiano. De início o filme vai parecer estranho pois Jonze opta pelo mínimo de computação gráfica e retrata os monstros com um visual até meio grotesco ou ultrapassado (parece as fantasias do Vila Sézamo), porém isso dá uma naturalidade e conforto visual que impressionam e você sente que é completamente coerente com o ambiente surreal explorado no filme. A trilha sonora completa perfeitamente o visual e se encaixa em cada momento e sentimento transpassado.

Onde vivem os monstros se trata de uma história emocional, em que nós nos reconhecemos em cada conflito e em cada personagem. Quem nunca perdeu o controle e magoou aquele que ama? Ou teve medo das mudanças da vida? Somos nós, frágeis, amorosos, raivosos, somos nós sempre querendo fazer parte de um grupo e nos sentirmos importantes, e é essa identificação que torna o filme tão belo. E a pergunta que ele deixa no ar é: Onde vivem nossos monstros?